quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Meu querido, meu velho, meu AMIGO '


 
No sábado passado, após uma entediante manhã de trabalho, subi para ver minha irmã. Conversamos um pouco, e decidimos assistir tv.  Logo que ligamos a televisão, estava passando aquela propaganda da Rede Globo, com aquela mesma musiquinha de todos os anos. Só que, dessa vez, interpretada, de uma forma magnífica pelo nosso eterno rei Roberto Carlos. Nem preciso comentar que sou fã daquele velhinho. E então, logo após termos elogiado a propaganda, minha irmã soltou um comentário: “ Eu sempre vou lembrar de ‘painho’ quando ouvir Roberto Carlos.”  Balancei a cabeça, concordando com aquele comentário. E logo ela continuou : “ Quando meu pai morrer vai ser muito triste, não vamos mais ouvir Roberto Carlos “ .
Parei, apertei os olhinhos, e me dei conta de que meu pai não vai viver para sempre. Nem respondi o que minha irmã falou, e logo meus olhos se encheram de lágrimas. Como assim, meu pai morrer ? Não tem lógica, não tem cabimento, não tem ‘’ Porque ‘’ Ele é meu pai, ele tem que estar comigo pra sempre, cuidando de mim pra sempre!
Parei mais um pouco, e vi o quanto meu pensamento era infantil. É muito doloroso pensar na morte de alguém tão importante pra gente. De pensar que um dia, eu vou chegar em casa, tomar banho, deitar e ele não vai vir andando, todo magrinho, com aquele bigode ralinho, apagar a luz do quarto ( Porque, como ele diz : “ Gasta uma energia terrível ! “ ), e perguntar :
“Já jantou Dona Camilinha?  Vá jantar menina. Tem feijão, arroz, uma coquinha ... “

“ Já comi Pai “

“ Tá vendo ai Nilza, é por isso que essa menina é assim, fraca! Você não bota ela pra jantar ... Só deixa ela ficar comendo essas besteiras na rua. “

E então, no sábado, cheguei decidida a ficar com ele. Perto, junto. Porque, depois de Deus, meus pais vão ser SEMPRE a coisa mais importante na minha vida.
Cheguei, e lá estava ele, pintando meu quarto. Sem camisa e com aqueles cabelos pretinhos e super lisos (até hoje me pergunto, porque eu não fiquei com o cabelo do meu pai, que é lavado com sabonete e nunca viu uma hidratação na vida! ) que um dia fizeram sucesso com as menininhas, cheios de tinta.
Entrei, troquei de roupa, peguei um rolo (desses de pitar a casa) e comecei a ajuda-lo. Nossa, conversamos demais aquela noite. Ouvi histórias sobre roças, cobras, matos e meninas, que eu nunca tinha ouvido antes. Historias tão interessantes, que eu até esqueci de entrar no msn pra conversar com um certo cidadão. Ri demais com o MEU VELHINHO. E, assim que terminamos a pintura (que não ficou lá muito boa), eu senti uma vontade incontrolável de abraçar meu pai, e assim o fiz. Chorei igual a uma criança, pois, meu pai sempre foi meio durão, e não costuma demonstrar sentimentos. Ele riu, e sei que ficou feliz. Fui dormir radiante. Depois de ter trabalhado com meu pai, e ter tido ele tão pertinho, com aquele cheiro de oficina mecânica, que só ele, no mundo inteiro tem.

PAI, OBRIGADA POR TUDO, EU AMO VOCÊ DEMAAAIS !
Eu te amo demaaais também mãe, não fique com ciúmes.