(...) Ele diz: Eu te amo. E o que a gente ouve não é : " Eu te amo tanto quanto posso dentro das minhas limitações dessa relação e desse momento de vida, dentro das minhas próprias limitações, dos meus medos e dos meus fechamentos". A gente ouve: " Eu te amo totalmente, para sempre sem que nada, antes ou depois do nosso encontro, supere esse sentimento." Ele fala de si, e nós ouvimos o cosmos. Ele fala do hoje, e nós entendemos o eterno.
A culpa é nossa, então por ouvirmos errado? Não. Ele também, ao falar dentro de sua pequena dimensão humana, está se iludindo com as grandes medidas. Ao dizer " eu te amo ", assume o papel do grande amante, torna- se o amor absoluto encarnado.
(...) O amor não é mensurável. A duras penas sabemos do nosso próprio amor, quanto mais daquele do outro. O que costumamos fazer para resolver o impasse é medir o amor do outro usando o nosso próprio amor como metro. Ele diz " Eu te amo ". Nós respondemos : " eu também te amo ". E deduzimos que as duas coisas são idênticas e que se aquele amor, como a vida e morte, representam um todo, como elas indissolúvel, e, portanto como elas, absoluto. Está demonstrado o teorema como se queria.
Um perigoso teorema, na verdade. Porque, em cima dele e de sua inconsistência, começamos a construir justamente aquele castelo que queríamos mais sólido e mais seguro.
( Marina Colosanti - Ep or falar em amr ( Com MUITAS adaptações )
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